A Saneago pede que a população não desperdice água. Essa parece ser a “campanha” da empresa de saneamento do estado pela economia do recurso. Mas me diga uma coisa: você desperdiça água? Será que, ao tomar um banho gostoso de 15 minutos, muita gente pensa que está desperdiçando? Mesmo quem lava a calçada com a vassoura hidráulica – vulgo mangueira – será que acha que trata-se de um desperdício?

Como diz a canção do Led, many is a word that only leaves a guessing. “Não desperdice” também é um termo cheio de dúvida. Em resposta, o moço super consciente pode simplesmente pensar: mas eu já fecho a torneira na hora de escovar os dentes! E dar-se como satisfeito por isso. E os nossos recursos hídricos limitados, se darão por satisfeitos também?

Faz várias semanas que falta água em vários bairros de Goiânia e outras cidades. A principal justificativa da Saneago é… a falta de chuva.

Não me lembro quem afirmou que dizer que o problema do Nordeste é a falta de água, seria como falar que o problema na Groenlândia (ou outro lugar por ali) é o excesso de neve (bom, com as mudanças do clima o problema tem sido outro, é verdade). Dizer que falta água porque não chove é uma visão limitada, de quem não administra direito o recurso, para preparar-se para os momentos de escassez. Em períodos mais ou menos curtos, sempre houve e haverá estiagem em Goiás. Essas são as nossas estações: de chuva e de seca.

A Saneago também diz que está fazendo obras para remediar a escassez, pede que a população tenha caixas d’água maiores para garantir uma reserva mais volumosa… isso li num “release” chocantemente mal escrito enviado pra mim depois que solicitei informações na assessoria de imprensa. E parece que não é só isso que a empresa não leva a sério, já que não realiza qualquer campanha, de fato, para que a população faça o mais importante: utilize água com responsabilidade e moderação. E por campanha entendo dizer COMO se faz isso, repetidamente e por diversos meios possíveis.

No próprio site da Saneago há informações que acho que deveriam estar diariamente nas ondas do rádio, nas páginas de jornal, nos comerciais de TV e nos programas jornalísticos. Reproduzo-as:

Veja algumas dicas para você NÃO DESPERDIÇAR água tratada no seu dia-a-dia:

  • Feche a torneira ao barbear-se ou ao escovar os dentes.
  • Para lavar o carro, não use mangueira – utilize balde.
  • Não utilize mangueira para lavar calçadas. lembre-se: mangueira não é vassoura.
  • Durante o banho, ao ensaboar, desligue o chuveiro.
  • Evite molhar diariamente áreas verdes. O consumo humano é mais importante.
  • Use o balde para lavar áreas internas (cozinha, banheiros e varandas).
  • Fique atento aos vazamentos na sua casa: caixas d’água, descargas e torneiras pingando são sinais de prejuízo.

Abaixo, outras dicas.

Para quem tem aquecimento solar em casa:

  • Não abra muito o registro, mesmo que a ducha tenha uma grande capacidade.
  • Colocar atrás da ducha um aerador, que é barato, ajuda a economizar água.
  • Caso a água quente demore a chegar, tente armazenar um pouco da fria em baldes. Use-a para regar plantas, por exemplo.

O site da Sabesp (a empresa de saneamento de São Paulo) tem dicas valiosas – clique aqui. Alguns destaques:

  • Dois copos de água são necessários para lavar aquele copo que você usou para beber água. Portanto, vale a pena usar o mesmo copo várias vezes.
  • A rega das plantas deve ser feita bem de manhã ou à noite, para reduzir a evaporação. O regador também é bem mais econômico que a mangueira – seu uso por 10 minutos pode consumir 186 litros. É mais do que o volume recomendado pela ONU (Organização das Nações Unidas) como ideal, por dia, para uma pessoa: 110 litros.

Eu procuro desligar o chuveiro enquanto me ensaboo, bebo água em um copo só o dia inteiro e, ao enxaguar uns utensílios ensaboados, na pia da cozinha, aproveito para tirar a sujeira de outros. Ah, raramente lavo o carro, principalmente na estação seca (tão poeirenta).

E você, o que faz para economizar água?

Motivada por essa nota sobre o coador de pano versus o de papel (assunto do post anterior), resolvi fazer as contas de quanto custa o cafezinho de cada dia, caso optemos por um ou por outro. Acrescentei ainda a cafeteira italiana, que é super econômica (em relação ao consumo de pó) e cujo café é muito do bom.

Alerto que não se trata de uma pesquisa exaustiva nem nada. Vi o preço dos produtos (café, coador e cafeteira) em alguns sites, e pronto. Serve nada mais que para dar uma ideia geral de quanto gastamos, por ano, pra fazer um café por dia, para duas pessoas. Os números estão arredondados.

USANDO O COADOR DE PAPEL
Itens necessários:

  • Suporte pequeno } R$ 4,12
  • Coador pequeno com 60 unidades } R$ 3,81
  • Pó de café, 500 g } R$ 5,13

Segundo as minhas contas, considerando que é preciso pelo menos três colheres de sopa cheias pra se fazer um bom café para duas pessoas nessa modalidade (8 g cada), no ano serão necessários 17 pacotes de café (R$ 87), além de seis pacotes de coador de papel (R$ 23). Somando com o suporte, o total anual é de R$ 114.

USANDO O COADOR DE PANO
Itens necessários:

  • Suporte pequeno* } R$ 4,12
  • Coador pequeno } R$ 2,64
  • Pó de café, 500 g } R$ 5,13

Nesse caso, minhas parcas contas revelam que o custo anual do cafezinho matinal diminui R$ 20, pois precisaremos adquirir o coador apenas uma vez. O resto, como a quantidade de pó necessária, é todo igual ao do coador de papel. Assim, o valor total é de R$ 94.

*Obs: Não faço a menor ideia de onde encontrar o suporte próprio para o coador de pano. Na feira, talvez? Aqui nesse site, há uma imagem que revela seu formato aos mais jovens e desavisados, como eu. De qualquer forma, dá muito bem para usar o mesmo suporte do papel. É o que também acha a autora desse blog aqui (muito simpático, por sinal).

USANDO A CAFETEIRA ITALIANA
Itens necessários:

  • Cafeteira para duas pessoas } R$ 90
  • Pó de café, 500 g } R$ 5,13

Sou adepta. Ela é cara, não há como negar. Mas o café, novamente, é muito gostoso e forte, e a economia de pó é incrível. Enquanto no coador uso pelo menos três colheres de sopa cheias, nesse utensílio coloco apenas uma colher rasa (6 g). Com isso, um pacote de 500 g rende 83 dias. Num ano, precisarei de somente 4 pacotes, o que corresponde a R$ 20.

Desta forma, o preço alto da cafeteira para duas pessoas (cerca de R$ 90) somado ao do pó necessário (R$ 20) fica mais em conta do que a primeira opção: R$ 110. No segundo ano, gastaria só o preço do pó (R$ 20).

Isso sem falar que, quando economizamos no coador de papel, geramos menos lixo e deixamos de “produzir” embalagens (que, fatalmente, virarão lixo ou, no máximo, matéria prima para reciclagem – grande coisa). E evitamos que aquilo seja transportado de um lugar para o outro, que se consuma água e energia na sua fabricação etc. Aquelas coisas de que devemos nos lembrar sempre, antes de comprar alguma coisa – principalmente se ela for desnecessária.

Devo dizer que há muito mais que isso. O coador de pano, por exemplo, dura bem mais que um ano. Em muitas casas, como na minha, fazemos café pelo menos duas vezes ao dia. Mais gente toma café em outros lares. Portanto, os custos (e as economias) se multiplicam nessas mesmas medidas.

Alguém poderá dizer: mas… e a água usada para lavar o coador de pano e a cafeteira italiana? E eu responderei com outra pergunta: e a água usada na fabricação dos milhares de coadores de papel (e suas embalagens) que usaremos no decorrer dos anos? Acho que ninguém fez essa conta, pra saber qual de fato usa menos. Mas por enquanto eu fico com a minha.

E aí, vamos tomar um cafezinho?

Dia do consumidor

15/03/2010

Somos todos consumidores, seja de sapatos, contas bancárias ou água. Em qualquer caso, devemos fazer valer nossos direitos e, ao mesmo tempo, levar em conta nossa grande responsabilidade.

Quando vamos saber de onde vem cada um dos produtos que adquirimos? Quando saberemos se foram feitos a partir de trabalho escravo, desmatamento, morte cruel de animais, se gastaram muito combustível para chegarem até nós, se na sua fabricação foram despejadas toneladas de poluentes, ou se sua matéria-prima faz mal a nossa saúde? Quando boicotaremos produtos chineses – seja por afetarem nossa economia, seja porque muitos chineses foram muito mal tratados pra fabricar aquilo? Quando comeremos a curriola ou a cagaita do Cerrado, em vez do pêssego da Europa ou o kiwi da Nova Zelândia?

A cada passo e a cada compra, causamos um impacto. Seria legal buscarmos diminuí-lo.

É um bom dia para pensarmos nisso e em muito mais. Afinal, hoje é o Dia do Consumidor.

Em tempo: espero retomar muito em breve os textos do blog, que anda meio abandonadinho.

Pessoal, esse é antiguinho. Mas como vira e mexe eu encontro alguém que ainda não assistiu, aí vai.

“Meatrix” é uma excelente animação do Free Range Studios, sobre “a verdade por trás da agroindústria” – que o consumidor precisa conhecer. Como o próprio nome indica, é uma paródia do sucesso “Matrix”, e tem sequência e tudo.

É ótimo que exista uma versão dublada em português, mas para quem puder assistir ao original, é bem melhor (clique aqui).

Parece coisa do Brasil colônia, mas não é.

Embora todo mundo já deva ter ouvido falar, não custa repetir que a dona das marcas de açúcar União e Da Barra, a Cosan, foi flagrada em 2007 explorando a mão de obra de trabalhadores em uma usina no interior de São Paulo. Esgotados todos os seus recursos, entrou pra lista suja do trabalho escravo no finzinho de 2009.

Na semana passada, a empresa obteve uma liminar de um juiz federal bem bacana (com ela mesma) chamado Raul Gualberto Fernandes Kasper de Amorim. Mas Leonardo Sakamoto, da ONG Repórter Brasil, acredita que o Ministério do Trabalho e a Advocacia Geral da União, como em anos anteriores, devem atuar para que ela volte a figurar no cadastro. Leia mais clicando aqui, aqui e aqui.

É de dar risada o argumento da Cosan, no mandado de segurança: é que as acusações tratam apenas de uma prestadora de serviços, gente!

Nós, consumidores de açúcar, podemos fazer a nossa parte, que seja simbólica. Podemos, por exemplo, comprar o produto de outras marcas. Podemos até aproveitar a oportunidade para consumir menos açúcar! É uma medida bem saudável, a não ser que consumamos o mascavo – que, aliás, é uma boa alternativa. Não o recomendo para sucos e cafés, pois aí o gosto dele acaba predominando sobre o da bebida. Mas o mascavo cai muito bem para o leite, bolos, iogurte, coalhada… Principalmente se for orgânico, claro.

Agora que, com a liminar, até o Wal Mart voltou atrás no compromisso solitário de suspender as compras da Cosan, nem adianta muito falarmos do plano B, que seria questionar o supermercado de nossa preferência sobre como ele pretendia agir diante desse fornecedor. Fica pra próxima!